Bon jour ! (Bonju)
Em Paris é comum conhecer estudantes de todo mundo que buscam especialisação em culinaria. O curso mais famoso é o de Cordon Bleu onde se paga para estudar por um ano entre 15 e 24 mil euros (tem outros mais acessiveis, é claro). Os franceses dao muita atenção para a culinaria e a forma de comer. Tal como percebemos no Brasil, eles são mesmo uma referencia internacional nisso, e não é a toa.
Por exemplo, num domingo de reunião familiar no Brasil, ficam as opçoes na mesa e cada um vai enchendo o prato.
Arroz, feijao, carne, batata frita, salada e uma farofa por exemplo. No final, uma sobremesa. Outros mandam a salada primeiro e depois o arroz, feijao etc.....e sobremesa. (Salada, prato e sobremesa - 3 etapas no maximo). Em dias inspirados, ficamos no maximo 1 hora na mesa e depois, vamos para a sala. No meu caso, a satisfaçao esta mais na quantidade e na fartura.
Aqui nao. Os caras sao bitolados na forma de comer, principalmente os mais velhos. A impressão que eu tenho é de ser mesmo um ritual. Um ritual familiar diria. Acho bem legal pois se passa mais tempo com os amigos e a familia (e bota tempo nisso).
Tudo começa com um aperitivo para abrir o apetite. Amendoin, batatinha frita, rabanete, torradas, pate etc. Vinho e champagne estão sempre ao lado. As crianças podem beber tambem so que é uma champagne sem alcool especial para elas chamada Champomy.
Em seguida ao aperitivo, partimos para a entrada que pode ser uma salada, uma fruta, ostras. Algo leve e pequeno sempre ( e tome vinho e champangne).
Depois temos o prato principal composto de carne (carne de carneiro é bem comum), peixe ou frango acompanhados de uma guarniçao (purê, arroz, vegetais cosidos ou fritos) ou as vezes soh a carne mesmo, nao tem uma regra tb (e tome vinho e champangne).
Em seguida vem os queijos e aqui tem muitos tipos de queijo. Toda casa tem na geladeira, uma caixa cheia de queijos (roquefort, brie , camenbert, chevres, emmental, reblochon, saint paulin, cantal, comte etc etc - dizem que aqui existe um tipo de queijo para cada dia do ano) é queijo que nao acaba mais (e tome vinho e champangne).
Senti saudades do nosso polenguinho e fui procurar e achei o danado do polenguinho. Aqui a marca é La Vache qui ri (na caixa tem uma vaca com cara de muito louca dando risada e virando os olhos) e vem em pequenos pedaços tb, soh que em formato triangular.
Depois dos queijos, a sobremesa, que são como as nossas de modo geral. Interessante comentar que aqui compro uma caixa de Cornetto, Sniker, Milka etc com 5 a 10 unidades e pago apenas de €2 a €3.
Por fim, o cafesinho.
Tempo para conclusão: 5 horas em tempos de não eleição. Se for epoca de eleição ae so Deus sabe qdo acabara (se discute muito politica por aqui. Discute-se projetos, politicos, partidos, opinioes. Nao se discute a integridade de fulano ou o envolvimento de beltrano num desvio de dinheiro - coisa rara por aqui).
A refeição sempre é contada. O foco sempre é a degustação e não a quantidade. Se acabar, acabou. Não ha constrangimento.
Outra coisa é que ninguém fica insistindo "come mais !!! humm, seu enjoado vc nao gostou da minha comida é ? Comeu tão pouco".
Uma coisa que tem muito aqui é churrasquinho grego. Aqui eles chamam de Kebab e sao feitos pelos turcos, magrebinos, argerianos e outros. Eh a mesma cara daqueles que vendem no centrão de São Paulo e faz maior sucesso por aqui. Seria, comparando, como nosso dogão. Tem por todo lado. Acompanha batata frita e junto com a carne dentro de um pão sirio, vem salada. Mas, o suco nao é gratis que nem no Brasil e o sandubão custa bem mais que 1 real, €4,50. E é boa a gororoba viu !
Acho estranha que quando pedimos um lanche (baguete, paes diversos, qq lanche) o cara enquanto faz e o ageita, mete a mão (sem luva) sem pudor nenhum. Nem disfarça como nossos cozinheiros e atendentes. Eh na caruda mesmo. E depois pegam no dinheiro com a mesma mão e assim segue o ciclo das bacterias. Mas, eu nao ligo muito pra isso, mas tenho muitos amigos e amigas que se afetam com tal imagem. Sem contar as baguetes que aqui todo mundo carrega debaixo do braço (temperinho por conta do cliente) ou carregando como se fosse uma maleta sem qq embalagem apenas um saco ou guardanapo para segurar.
O fato é que com bacterias ou não, ingerindo alcool com a comida e sentados a mesa por horas, aqui em Paris não existe gente gorda. Todo mundo é magro. Claro que tem um gordinho ou outro mas bem menos que no Brasil. Alias, as mulheres sao magras demais. Se nao fossem as extrangeiras, este pais em termos de beleza feminina definitivamente seria sem sal nenhum, sem graça mesmo.
Aqui tem muita gente de origem arabe e africana e sao as mulheres destas origens que dao o toque de miscigenaçao que no Brasil, temos de sobra e conhecemos bem.
Sobre a migraçao e os migrantes, conto outro dia.
Aproveito para agradecer os comentarios. Elogios, criticas, perguntas, todos sao bem vindos.
à bientôt.