Gritaria e panico geral todo mundo, como se fosse uma ola de torcida organizada, se jogou no chão. Por frieza ou por lerdeza, instintivamente, fiquei do mesmo jeito que estava e apenas dei uma flexionada nos joelhos como quando agente se prepara para correr ou toma um susto. Numa fração de segundos pensei em duas coisas: 1° a sensação fodissima de estar sendo vitima de um atentado a bomba, medo e 2° percebi que o efeito da bomba não tinha chego até mim e que eu não tinha morrido.
No desespero tentamos abrir a porta como sempre fazemos, apertando o botãosinho (aqui na maioria dos trens a abertura é feita pelo passageiro) mas elas estavam travadas e com o empurra empurra para sair (nesta hora se você vacilar sobrevive a bomba mas morre pisoteado) somado ao pânico ninguém lembra da porra da chave de emergência, mas alguém berrou este procedimento e conseguimos abrir. Juro para vocês, quando a porta abriu não foram seres humanos que sairam daquele vagão, foram elefantes insanos. Ninguém quis saber de nada além de gritar e correr. O tenista deixou a raquete no caminho, a velhinha coitada, foi a primeira a cair e os que vinham atras dela pareciam dominos tropeçando sobre ela e nela. Imaginem que tava num trem de 4 vagoes com 16 portas se abrindo ao mesmo tempo, a manada de loucos tava enorme mas o que mais assustava era a gritaria misturada com a fumaça e a duvida de se alguém tinha morrido.
Eu sempre tive vontade de ser heroi e neste dia percebi que eu levo jeito para isso pois enquanto todo mundo corria, parei para ajudar a vovo a se levantar, depois peguei a raquete do garoto meio que com a intenção de entrega-la, afinal ele estava perto de mim, mas o muleque correu tão rapido que no curto tempo de abaixar, pegar a raquete e olha para a fente para entrega-lo ele tinha sumido e creio que verei ele nos 100 mts de Pekim este ano.
Empolgado com o momento heroi, fui em direção a fumaça mas logo caiu a fixa de que uma outra explosão poderia acontecer e resolvi mudar a direçao e recuar. Na mesma hora saindo do meio da névoa, veio um funcionario do metro, creio que o maquinista, pedir para que deixassemos o lugar (como se precisasse). No caminho para a rua, so ouvi choro e pessoas desmaiadas e outras tentando se acalmar. Ja do lado de fora, curiosamente, a primeira coisa que todo mundo fez foi pegar o telefone e ligar para alguém e contar o que aconteceu.
A noite apos o trabalho, voltei a estação para entregar a raquete no achados e perdidos. Aproveitei para perguntar a funcionaria o que tinha acontecido. Ela disse que foi realmente um grande problema mas de origem técnica, nada além de uma explosão de curto circuito. Sem vitimas, sem feridos sem bombas. Como o metrô de Paris tem mais de 100 anos, as instalações elétricas estão velhas e ultrapassadas e os curtos circuitos são frequentes e neste caso, um grande curto circuito tinha ocorrido.
Durante a noite e o dia seguinte, procurei noticias pelos jornais e internet e não encontrei nenhuma linha dedicada ao assunto, ou seja, a maior explosão que eu ja vi não foi nada.